Olá, olá!
Quando estava pensando no texto deste mês, passou pela minha cabeça que existe a possibilidade de que você não conheça Edgar Wright. O diretor inglês é mais conhecido por sua trinca de filmes-paródia, ou Trilogia Cornetto (ou ainda Trilogia do Sangue e Sorvete): Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Heróis de Ressaca (diga-se de passagem: alguém prenda o(s) cara(s) que traduziram os títulos para o Brasil).
No primeiro filme, Wright produz uma das mais célebres homenagens a George Romero, o mestre dos filmes de zumbi. No segundo (preciso rever, mas possivelmente é meu filme predileto do diretor), temos uma paródia dos filmes policiais das décadas de 80 e 90, muitos dos quais chegaram ao Brasil através da Sessão da Tarde. Já no terceiro, Wright encerra sua trilogia com uma paródia aos filmes-catástrofe. Os três filmes têm entre os protagonistas a dupla Simon Pegg e Nick Frost, mas não tem relação um com o outro, a não ser o de serem homenagens ao cinema hollywoodiano. Ainda assim são comédias inglesas e quem está habituado com o humor que vem do outro lado do oceano sabe que as piadas têm um gosto diferente, como se trocássemos o frenético café americano pelo “menos apressado” chá inglês. Penso que foi essa diferença de ritmo que afastou Wright do que poderia ser seu grande projeto de cinema de Hollywood: a adaptação para o cinema do personagem Homem-Formiga. Anunciado desde o início do projeto como diretor, meu queridinho inglês desistiu da produção alegando as famosas “diferenças criativas”. Uma pena, já que seria a ousadia máxima da Marvel colocar um cara como Wright à frente de um dos seus blockbusters. Mesmo assim, várias piadas do filmes têm a cara dele, já que, apesar das mudanças no projeto, boa parte do roteiro de Wright foi aproveitado. Fora da cadeira de diretor, Wright ainda escreveu o divertido As Aventuras de Tintin (cadê a continuação?) e produziu o cômico Ataque ao Prédio (que não é dele, mas que poderia estar dentro da sua trilogia tranquilamente).
Se acontecesse, Homem-Formiga não seria a primeira adaptação de um personagem de quadrinhos de Wright para o cinema: em 2010 ele dirigiu Scott Pilgrim contra o Mundo, baseada na elogiada obra do canadense Bryan Lee O’Malley. A injustiçada adaptação, na minha opinião, não foi bem tragada pelo público americano por sofrer do mal da maioria dos filmes do britânico: você tem que digerir um início mais complicado e mais sério (normalmente os primeiros trinta minutos) para que você consiga chegar ao suco da obra (ação desenfreada e mil gags por minuto, já próximo ao clímax).
A relação de Wright com os quadrinhos mostra um pouco do nerd que ele é. E antes mesmo das adaptações e filmes-paródia, Edgar Wright fez para a tevê Spaced, grande influência para séries que viriam bem depois, como The Big Bang Theory e Community (sdds). Exibida entre 1999 e 2001, Spaced conta com a dupla de atores-fetiche de Wright, Pegg-Frost, onde Pegg vive o personagem Tim, que tenta a sorte como desenhista de histórias em quadrinhos para uma grande editora, enquanto divide apartamento com Daisy (Jessica Stevenson, que atua e co-escreve os roteiros com Pegg), uma escritora desmotivada. Contando com um maravilhoso (e bizarro) elenco de coadjuvantes (em sua maioria amigos de Wright e Pegg), a série prestou todo tipo de homenagem possível à cultura pop em suas duas temporadas de sete episódios cada. Eu simplesmente adoro essa série. Na verdade qualquer coisa com o nome do diretor já me levanta as anteninhas (e eu sou esse tipo de cara que escolhe os filmes e avalia as expectativas sobre ele pelo seu diretor). Se você é um amante do bom cinema e anda rindo pouco das comédias atuais, fica a indicação.
Infelizmente as únicas obras de Edgar Wright presentes na Netflix são Heróis de Ressaca e As Aventuras de Tintin. Mas é bom ficar ligado por que os filmes dele costumam entrar e sair rapidamente do serviço de streaming.
E aí, já viu algo do Edgar Wright?
Ah, é sempre bom lembrar que estou colocando tudo que leio nos meus perfis no Skoob (me sigam também no meu perfil de autor) e Goodreads e o que assisto está indo pro Filmow. Cliquem nos links e me adicionem por lá. E, se já leu meus quadrinhos, não esqueça de deixar sua avaliação neles.
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Bem rapidinho
- Aqui no Ceará, a Fundação Demócrito Rocha está lançando em fascículos dentro do Jornal O Povo um Curso de História em Quadrinhos. Participei do segundo fascículo, sobre Roteiro e Narrativa. O time de autores dos fascículos é incrível, juntando alguns dos melhores quadrinistas cearenses da atualidade. Para quem está fora do estado ou perdeu os primeiros fascículos, todo o conteúdo está disponibilizado online aqui. No site ainda tem videoaulas (incluindo uma minha sobre o mesmo tema do fascículo) e a possibilidade de receber um certificado ao término do curso. Tudo gratuito! Outras ações do projeto vão acontecer e vou divulgando pelas minhas redes sociais.
- Além disso, nada de novo no front. Estou escrevendo dois álbuns para 2017 e minha atenção está toda neles, o que me afastou um pouco de podcasts e textos de opinião (apesar de ter coisas já feitas ainda não lançadas).
2 comentários:
Oi Zé.
Lembro da cara dos atores, mas não lembro dos filmes onde os vi. Talvez Star Trek seja um deles, não é? Precisaria assistir os filmes para saber se já assisti algum. Quem sabe um dia desses... Tão pouco tempo e tanta coisa para ler, ver, fazer... :D
De qualquer modo obrigado pelas dicas.
Torço para que venham mais quadrinhos seus por aí (continuações à vista? :D). Em breve escrevo o que achei da minha leitura dos dois que recebi...
No mais, obrigado pelas dicas e continuidade do trabalho!
Sou uma fiel seguidora de Edgar Wright filmes Apesar de não ser um diretor tão reconhecido na indústria do cine, ele é um dos poucos que conseguem boas obras cinematográficas de ação graças ao seu grande profissionalismo. Seus efeitos especiais estão incríveis, trilha sonora e atuações geram um resultado que consegue captar aos espectadores. De todos os filmes que estrearam o ano passado, Em Ritmo de Fuga foi o meu preferido. Lo recomendo muito. Obrigada por crítica.
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